Período Econômico entre 1940 a 1950
Presidente Getúlio Vargas
Um
dos períodos muito importantes economicamente falando, além de várias
transformações ocorridas no cenário político, cultural e social, o Brasil teve
um efetivo desenvolvimento, que foi através do acelerado processo de
industrialização.
Mas
é importante ressaltar que durante esse período Getúlio Vargas implementou o
seu Golpe de Estado, dissolvendo o Congresso e as Assembleias Legislativas Estaduais,
ordenando o fechamento de partidos políticos, e passando a perseguir seus opositores.
Obtendo assim uma nova constituição, chamada de Estado Novo.
Apesar
de Vargas ser um presidente que era apoiado pelos militares, sindicalistas e
outros, não conseguiu se firmar no poder. Devido a onda de redemocratização que dominava o mundo ao final da Segunda Guerra
Mundial, o Estado Novo torna-se politicamente insustentável e Vargas é deposto
pelos chefes das Forças Armadas em 29 de outubro de 1945. Então, José Linhares,
presidente do Supremo Tribunal Federal, assume o governo interinamente.
Mesmo antes da queda de Vargas, causada pela pressão popular,
o governo inicia uma liberação do regime, autorizando criação de partidos
políticos e de eleições presidenciais para o próximo ano. Então criados os
partidos políticos, o general Eurico Gaspar Dutra, candidato pela coligação
PSD/PTB, se elege presidente da República. Iniciando o processo de
funcionamento da Assembleia Nacional Constituinte e dando o primeiro passo para
a transição democrática no Brasil.
Quanto à economia a Segunda Guerra Mundial e os primeiros
anos do pós-guerra criam um clima favorável ao crescimento econômico nacional.
Com a redução das importações imposta pelo conflito, cresceu a industrialização
e a produção agrícola diversificou-se. Entre as indústrias de base que são
instaladas, estão a Fábrica Nacional de motores e a Companhia Siderúrgica
Nacional. Também são tomadas importantes iniciativas nas áreas de transporte e
energia, com a abertura de estradas, ampliação de portos e construção de usinas
hidrelétricas. O país passa por um momento de crescimento econômico.
Política e Economia na
década de 50
Juscelino Kubitschek
A época da modernização no Brasil, onde ouve a chegada da
televisão, um marco muito importante na comunicação do país. As noticias da
imprensa falada então começavam a chegar a todos os lugares. A cultura no mundo
todo fica em alta, não sendo diferente no Brasil, isso devido à música, ao
teatro e ao cinema. O país deixa de ser um país agrícola e começa a concentrar
sua população em grandes cidades, fator que influenciava para a urbanização e
industrialização.
Esse período, o Brasil caminhava para um desenvolvimento
econômico e tinha Juscelino Kubitschek como presidente, prometendo modernizar o
país em 5 anos. Então Jk implantou um Plano de Metas e à construção de Brasília, que seria a nova
capital, substituindo a cidade do Rio de Janeiro.
O Plano de Metas (31 metas) tinha como objetivo o
desenvolvimento econômico do Brasil, que seria um conjunto de medidas que
fortaleceria a economia brasileira, através da industrialização.
Conseguiu impor um processo de rápida industrialização, investindo
em transporte e em energia, tendo como carro-chefe a indústria automobilística. Jk queria um país desenvolvido economicamente que gerasse
riqueza, e diminuísse a desigualdade social, sendo assim esse era o marco de
seu plano de metas, “o Brasil iria desenvolver 50 anos em 5”.
Para
ampliar o desenvolvimento econômico brasileiro, JK considerava impossível o
progresso do da economia do país sem a participação do capital estrangeiro.
Para alcançar os objetivos do seu Plano de Metas era necessária a intervenção
do Estado na economia, priorizando a entrada de capitais estrangeiros no país,
principalmente na indústria automobilística. Com essas medidas tomadas nesse
período o Brasil inicia seu processo de endividamento externo.
O que por uma lado foi bom, pois o aumento de emprego era
nítido, a população tinha emprego, o que gerava mais consumo, mas por outro
lado registrou um aumento da miséria e da violência nas grandes cidades. No seu
governo houve também, um forte crescimento econômico, porém, acarretou em um
significativo aumento da dívida pública interna e da dívida externa e
da inflação nos
governos seguintes de Jânio Quadros e
João Goulart.
Fonte:
Brasil – 1900 a 1920
A década de 1900 a 1920
foi muito importante para o Brasil, Era uma década que marcava o inicio da República,
um período que mostrava uma grande acomodação do novo regime, uma década em que
ocorreram muitas revoltas, de grandes conflitos marcados por sentimentos da
população brasileira. Ali já se iniciava a revolta de 30.
Foi inaugurada nessa época
dois governos que duraram oito anos e foram comandados por Campos Sales (1898 –
1902) e Rodrigues Alves (1902 – 1906), esses anos que definiram dois extremos
que o país jamais deixaria de oscilar através de um ponto fixo, que vai da
recessão saneadora ao desenvolvimento inflacionário.

Governo
Campos Sales (1898 – 1902)
Campos Salles era um
ex-governador e sucedeu Prudente de Moraes na presidência da República, um
governo de interesse em oligarquias rurais e de cafeicultura paulista. Assumiu
o governo federal, enfrentando uma grave crise que atrapalhava muito o país,
com grandes inflações e uma superprodução de café que era seu principal produto
de exportação, alcançando baixo preço mundial.
Recorreu a empréstimos
externos ( emprestados pelos ingleses) para cobri a alta dívida, fazendo assim
com que os ingleses preocupados com o não pagamento da dívida por parte do
Brasil, renegociasse um acordo para que não saíssem de mão abanando. Caso o
Brasil não tivesse como pagar entrava em vigor, o acordo denominado ‘funding loan’, que
dava aos ingleses o direito de empossar toda a receita gerada pelas alfândegas
estatais e da Estrada de Ferro Central do Brasil.
Com os ingleses pressionando
o país para combater a inflação e valorização da moeda. O ministro da fazenda,
Joaquim Murtinho se encarregou dessa política econômica no Brasil e começou
então a cortar gastos, reduzir despesas com obras publicas e investimentos nas
indústrias, além da criação de novos impostos. Essas medidas acabaram
impactando no bolso do brasileiro que tinha seus salários estagnados e ao mesmo
tempo aumento dos impostos.
Com essas medidas adotadas
Campo Sales acabou perdendo o apoio da população. Entretanto, investiu na
produção agrícola para exportação de cacau, minério, erva-mate, café, borracha
e algodão. O grande objetivo era atrair empresas estrangeiras a venderem
produtos manufaturados com preços menores.
Campos Sales criou a Política
dos Governadores para centralizar o apoio dos governadores e estados ao
Presidente da República. Isso ajudou o país a estabilizar a situação política e
econômica do Brasil.
Em 1902, Campos Sales foi
sucedido por Rodrigues Alves, um candidato paulista que tinha a seu favor o
apoio de Sales que, mesmo com popularidade baixa tinha grande aceitação da
elite produtora de café.
Governo
Rodrigues Alves (1902 – 1906)

Um fazendeiro paulista que
chegou ao poder através do grande funcionamento da política das oligarquias.
Apoiado pelos partidos de Minas e de São Paulo desencadeou no país grandes
obras públicas, que tinham a pretensão de revolucionar e modernizar a
arquitetura do país.
O lugar onde essas
mudanças teve maior impacto foi a capital do Rio de Janeiro, que teve toda sua
estrutura reformada e modernizada, seguindo os padrões europeus. Mas com isso houve
uma revolta da população, que pode considerar a primeira “crise” de seu
governo, a chamada “bota abaixo”.
Os mais pobres eram
expulsos de suas moradias. Essa população era formada pela grande maioria de
estrangeiros, que junto com os imóveis irregulares e mal instalados, causavam o
favorecimento de grandes epidemias e doenças. Esse ato de Rodrigues Alves pode
ter desencadeado o processo de “favelização” do Rio de Janeiro.
A população ficou ainda
mais irritada quando através do médico Osvaldo Cruz que, criou um plano de
combate à epidemia e que ainda contava com o respaldo da autoritária “Lei da
Vacina Obrigatória”. Causando a Revolta da Vacina de 1904. Essa lei permitia o
uso das forças policiais para o comprimento desse programa de vacinação,
criando uma revolta popular intensa, tomando as ruas da capital brasileira.
Se já não bastasse as
revoltas internas vividas dentro do país, Rodrigues Alves teve uma tarefa
difícil que era a anexação do estado do Acre.
Antes controlado pela
Bolívia, o estado recebia um grande numero de imigrantes nordestinos que
exploravam borracha. Assim se estabeleceu um processo de anexação do estado do
Acre ao Brasil.
Com a ajuda do Barão de
Rio Branco o governo negociou com a Bolívia o pagamento de uma indenização de
dois milhões de libras esterlinas e se comprometeu a construir a Estrada de
Ferro Madeira-Mamoré, fazendo assim que a Bolívia tivesse uma via de escoamento
para o Oceano Atlântico. Esse acordo marcou para o Brasil um dos últimos
acordos que definem hoje a demarcação do território nacional.
Ainda no governo de
Rodrigues Alves, as oligarquias começaram a sentir o impacto financeiro da
crise cafeeira. Devido a baixa nos preços no mercado internacional as elites
agrárias do Rio de janeiro, Minas Gerais e São Paulo propuseram ao governo um
acordo onde o próprio governo se comprometia a arcar com a compra da produção
cafeeira do Brasil, o chamado Convênio de Taubaté, que acabou sendo refutado
pelo presidente que alegava que a medida prejudicava o erário publica.
Fontes:
A
Revolução de 30
A Revolução de 1930, que pôs fim à
Primeira República, foi, para muitos historiadores, o movimento mais importante
da história do Brasil do século XX. Foi ela quem, para o historiador Boris
Fausto, acabou com a “hegemonia da burguesia do café, desenlace inscrito na
própria forma de inserção do Brasil, no sistema capitalista internacional”¹. Na
Primeira República, o controle político e econômico do país estava nas mãos de
fazendeiros, mesmo se as atividades urbanas eram o pólo mais dinâmico da
sociedade. Entre 1912 e 1929, a produção industrial cresceu cerca de 175%. No
entanto, a política econômica do governo continuava privilegiando os lucros das
atividades agrícolas. Mas, com a crise mundial do capitalismo em 1929, a
economia cafeeira não conseguiu manter-se. O Presidente Washington Luís (1926-1930),
com algumas medidas, tentou conter a crise no Brasil, mas em vão. Em 1929, a
produção brasileira chegava a 28,941 milhões, mas só foram exportados 14, 281
milhões de sacas, e isto num momento em que existiam imensos estoques
acumulados.
O maior partido de oposição ao partido
republicano de Washington Luís era a Aliança Liberal. Era liderado pelo então
governador do Rio Grande do Sul, Getúlio Dorneles Vargas. Mesmo sendo apoiado
por muitos políticos que tinham sido influentes na Primeira República, como os
ex-presidentes Epitácio Pessoa e Artur Bernardes, seu programa apresentava um
certo avanço progressista: jornada de oito horas, voto feminino, apoio às
classes urbanas. A Aliança Liberal foi muito influenciada pelo tenentismo, que
foi um movimento de jovens militares que defendiam a moralização administrativa
e cujo slogan era “representação e justiça”. Nas eleições de 1930, a Aliança
Liberal perdeu, vencendo o candidato republicano Júlio Prestes. Mas, usando
como pretexto o assassinato do aliancista João Pessoa por um simpatizante de
Washington Luís, João Dantas, Getúlio Vargas e seus partidários organizaram um
golpe que, em outubro de 1930, tirou Washington Luís do poder. Getúlio Vargas
tomou posse do governo no dia 3 de novembro 1930, data que ficou registrada
como sendo o fim da Primeira República.
No início de seu governo, com a
centralização do poder, Vargas iniciou a luta contra o regionalismo. A
administração do país tinha que ser única e não, como ocorria na República
Velha, ser dividida pelos proprietários rurais. Muitas medidas que tomou “no
plano econômico financeiro não resultaram de novas circunstâncias, mas das
circunstâncias impostas pela crise mundial”². O Brasil dependia demais do
comércio do café para que o novo presidente o abandonasse. Para controlar a
superprodução e a crise no Brasil, Vargas mandou destruir todos os estoques de
café. Mesmo, com a crise mundial, conhecida como “crash de 1929”, houve uma
intensa aceleração do desenvolvimento industrial. Entre 1929 e 1939, a
indústria cresceu 125%, enquanto na agricultura o crescimento não ultrapassou
20%. Esse desenvolvimento deu-se por causa da diminuição das importações e da
oferta de capitais, que trocaram a lavoura tradicional em crise, pela
indústria. Mas, foi a participação do Estado, com tarifas protecionistas e
investimentos, que mais influiu nesse crescimento industrial. Diferentemente do
que ocorreu na República Velha, começaram a surgir planos para a criação de
indústrias de base no Brasil. Esses planos realizar-se-iam com a inauguração da
usina siderúrgica de Volta Redonda em 1946.
A partir de 1930, a sociedade
brasileira viveu importantes mudanças. Acelerou-se o processo de urbanização e
a burguesia começa a participar cada vez mais na vida política. Com o progresso
da industrialização, a classe operária cresceu muito. Vargas, com uma política
de governo dirigida aos trabalhadores urbanos, tentou atrair o apoio dessa
classe que era fundamental para a economia, pois tinha em mãos o novo motor do
Brasil: a indústria. A criação do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio,
em 1930, resultou numa série de leis trabalhistas. Parte delas visava ampliar
direitos e garantias do trabalhador: lei de férias, regulamentação do trabalho
de mulheres e crianças.
Todo esse processo de desenvolvimento,
no Brasil, foi acompanhado por uma verdadeira revolução cultural e educacional
que acabou garantindo o sucesso de Vargas na sua tentativa de transformar a
sociedade. Como disse Antônio Cândido, “não foi o movimento revolucionário que
começou as reformas [ do ensino]; mas ele propiciou a sua extensão para todo o
país”³. Em 1920, reformas promovidas separadamente por Sampaio Dória, Lourenço
Filho, Anísio Teixeira e Fernando Campos já buscavam a renovação pedagógica. A
partir de 1930, as medidas para a criação de um sistema educativo público foram
controladas oficialmente pelo governo. Esta vontade de centralizar a formação e
de torná-la acessível aos mais pobres ficou clara com a criação do Ministério
da Educação e Saúde em novembro de 1930. Seu primeiro ministro foi Francisco
Campos (1930-1932). Com a difusão da instrução básica, Vargas acreditava poder
formar um povo mais consciente e mais apto às exigências democráticas, como o
voto, e uma elite de futuros políticos, pensadores e técnicos. Em 1931, o
governo decretou a obrigatoriedade do ensino religioso nas escolas públicas.
Esta aproximação entre Estado e Igreja também foi marcada pela inauguração, a
12 de outubro de 1931, da estátua do Cristo Redentor no Corcovado. O
historiador Boris Fausto afirmou que a Igreja, em troca, “levou a massa da
população católica a apoiar o novo governo”4. Em relação ao ensino superior, o
governo procurou estabelecer as bases do sistema universitário, investindo nas
áreas de ensino e pesquisa. Foram contratados jovens professores europeus como
Claude Lévy-Strauss que se tornaria, mais tarde, o criador da antropologia
estruturalista.
Além de haver um desenvolvimento
educacional, houve uma verdadeira revolução cultural em relação à República
Velha. O modernismo, tão criticado antes de 1930, tornou-se o movimento
artístico principal a partir do golpe de Vargas. A Academia de Letras, tão
admirada antes, não tinha mais nenhum prestígio. A cultura predominante era a
popular que, com o rádio, desenvolveu-se por todo o Brasil. Como analisou
Antônio Cândido, “nos anos 30 e 40, por exemplo, o samba e a marcha, antes
praticamente confinados aos morros e subúrbios do Rio, conquistaram o país e
todas as classes, tornando-se um pão-nosso quotidiano de consumo cultural”5.
No entanto, foram os intelectuais
partidários da Revolução de 1930, como Caio Prado Júnior, quem tiveram um papel
essencial no processo de desenvolvimento cultural do Brasil. Sérgio Buarque de
Holanda, com Raízes do Brasil principalmente, influenciou muito o desenvolvimento
do nacionalismo no Brasil. Em este ensaio, Sérgio Buarque de Holanda buscou
entender como se fez o processo da formação do Brasil como nação. Analisou a
história desde a chegada dos ibéricos à América até os anos 1930. Este livro,
como apontou Antônio Cândido, formou a mentalidade de muitos estudantes a
partir de 1936, quando foi publicado6. Nesse livro, Sérgio Buarque de Holanda
não só analisa o passado mas também dá os objetivos brasileiros para o futuro,
principalmente no último capítulo do livro ( Nossa Revolução).
Raízes do Brasil demonstrou que a
independência do Brasil não se fez em 1822, pois a formação de uma nação não só
se devia entender em relação à administração. O Brasil, para o autor, só seria
independente quando não houvesse mais marcos, a não ser o passado, da era
colonial. O retrato que Sérgio Buarque fez do livro é extremamente comparativo
e psicológico. O conceito de “homem cordial”, que estudou em seu quinto
capítulo, caracterizou o brasileiro como tendo uma personalidade única, diferente
da dos europeus. Mas, como disse, “com a simples cordialidade não se criam os
bons princípios”7. Por isso, defendeu tanto a industrialização e a
centralização do poder, pois eram características da era pós 30
Sérgio Buarque de Holanda, com Giberto
Freyre, formavam uma nova ala de intelectuais inovadores do Brasil. São os
fundadores da Universidade de Ciências Sociais do Brasil e são os pioneiros dos
movimentos nacionais e a favor da democratização da sociedade. Raízes do
Brasil, mas também outros livros como Casa-Grande e Senzala de Gilbetro Freyre,
quebra com todos os pensamentos expostos antes da Revolução de 1930. Como
aponta Renato Ortiz, “o que era mestiço torna-se nacional” 8. Na República
Velha, como o mostra Os Sertões de Euclides da Cunha, todas as raças que não
fossem brancas eram inferiores. Mas, com suas obras, o entendimento popular da
escravidão transformou-se muito. Sérgio Buarque de Holanda entende que não
adianta mais separar o mundo em classes. Mas uni-las para formar uma nação.
Vem daí a crítica dos sociólogos dos
anos 30 aos movimentos integralistas (fascismo brasileiro) e comunistas. Nisto
ele foi importantíssimo para a Revolução de 1930 pois os grupos extremistas já
estavam bem fortes e, com sua obra-prima, queriam até tomar o poder. Mesmo não
sendo oficialmente marxista, sua análise do processo histórico que abriria, no
futuro, a total independência do país em relação à agricultura e à Europa.
Bibliografia:
(1) Fausto, Boris: A Revolução de 1930: historiografia e história, São
Paulo, Brasiliense, 1972 p. 112
(2) Fausto, Boris: História do Brasil, São Paulo, Editora da
Universidade de São Paulo, 1995, p. 334
(3) Cândido, Antônio: A Revolução
de 1930 e a cultura, São Paulo, Cebrap, 1984, p. 28
(4) Fausto, Boris: História do Brasil,
São Paulo, Editora da Universidade de São Paulo, 1995, p. 333
(5) Cândido, Antônio: A Revolução de
1930 e a cultura, São Paulo, Cebrap, 1984, p.36
(6) Cândido, Antônio:O Significado de
“Raízes do Brasil”, São Paulo, Companhia das Letras, 1995, p. 9
(7) Buarque de Holanda, Sérgio: Raízes
do Brasil, São Paulo, Companhia das Letras, 1995, p.185
(8) Ortiz, Renato: Cultura Brasileira e
Identidade Nacional, “Da raça à cultura: a mestiçagem e o nacional”, p. 41
A Revolução de 30
A Revolução de 1930, que pôs fim à
Primeira República, foi, para muitos historiadores, o movimento mais importante
da história do Brasil do século XX. Foi ela quem, para o historiador Boris
Fausto, acabou com a “hegemonia da burguesia do café, desenlace inscrito na
própria forma de inserção do Brasil, no sistema capitalista internacional”¹. Na
Primeira República, o controle político e econômico do país estava nas mãos de
fazendeiros, mesmo se as atividades urbanas eram o pólo mais dinâmico da
sociedade. Entre 1912 e 1929, a produção industrial cresceu cerca de 175%. No
entanto, a política econômica do governo continuava privilegiando os lucros das
atividades agrícolas. Mas, com a crise mundial do capitalismo em 1929, a
economia cafeeira não conseguiu manter-se. O Presidente Washington Luís (1926-1930),
com algumas medidas, tentou conter a crise no Brasil, mas em vão. Em 1929, a
produção brasileira chegava a 28,941 milhões, mas só foram exportados 14, 281
milhões de sacas, e isto num momento em que existiam imensos estoques
acumulados.
O maior partido de oposição ao partido
republicano de Washington Luís era a Aliança Liberal. Era liderado pelo então
governador do Rio Grande do Sul, Getúlio Dorneles Vargas. Mesmo sendo apoiado
por muitos políticos que tinham sido influentes na Primeira República, como os
ex-presidentes Epitácio Pessoa e Artur Bernardes, seu programa apresentava um
certo avanço progressista: jornada de oito horas, voto feminino, apoio às
classes urbanas. A Aliança Liberal foi muito influenciada pelo tenentismo, que
foi um movimento de jovens militares que defendiam a moralização administrativa
e cujo slogan era “representação e justiça”. Nas eleições de 1930, a Aliança
Liberal perdeu, vencendo o candidato republicano Júlio Prestes. Mas, usando
como pretexto o assassinato do aliancista João Pessoa por um simpatizante de
Washington Luís, João Dantas, Getúlio Vargas e seus partidários organizaram um
golpe que, em outubro de 1930, tirou Washington Luís do poder. Getúlio Vargas
tomou posse do governo no dia 3 de novembro 1930, data que ficou registrada
como sendo o fim da Primeira República.
No início de seu governo, com a
centralização do poder, Vargas iniciou a luta contra o regionalismo. A
administração do país tinha que ser única e não, como ocorria na República
Velha, ser dividida pelos proprietários rurais. Muitas medidas que tomou “no
plano econômico financeiro não resultaram de novas circunstâncias, mas das
circunstâncias impostas pela crise mundial”². O Brasil dependia demais do
comércio do café para que o novo presidente o abandonasse. Para controlar a
superprodução e a crise no Brasil, Vargas mandou destruir todos os estoques de
café. Mesmo, com a crise mundial, conhecida como “crash de 1929”, houve uma
intensa aceleração do desenvolvimento industrial. Entre 1929 e 1939, a
indústria cresceu 125%, enquanto na agricultura o crescimento não ultrapassou
20%. Esse desenvolvimento deu-se por causa da diminuição das importações e da
oferta de capitais, que trocaram a lavoura tradicional em crise, pela
indústria. Mas, foi a participação do Estado, com tarifas protecionistas e
investimentos, que mais influiu nesse crescimento industrial. Diferentemente do
que ocorreu na República Velha, começaram a surgir planos para a criação de
indústrias de base no Brasil. Esses planos realizar-se-iam com a inauguração da
usina siderúrgica de Volta Redonda em 1946.
A partir de 1930, a sociedade
brasileira viveu importantes mudanças. Acelerou-se o processo de urbanização e
a burguesia começa a participar cada vez mais na vida política. Com o progresso
da industrialização, a classe operária cresceu muito. Vargas, com uma política
de governo dirigida aos trabalhadores urbanos, tentou atrair o apoio dessa
classe que era fundamental para a economia, pois tinha em mãos o novo motor do
Brasil: a indústria. A criação do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio,
em 1930, resultou numa série de leis trabalhistas. Parte delas visava ampliar
direitos e garantias do trabalhador: lei de férias, regulamentação do trabalho
de mulheres e crianças.
Todo esse processo de desenvolvimento,
no Brasil, foi acompanhado por uma verdadeira revolução cultural e educacional
que acabou garantindo o sucesso de Vargas na sua tentativa de transformar a
sociedade. Como disse Antônio Cândido, “não foi o movimento revolucionário que
começou as reformas [ do ensino]; mas ele propiciou a sua extensão para todo o
país”³. Em 1920, reformas promovidas separadamente por Sampaio Dória, Lourenço
Filho, Anísio Teixeira e Fernando Campos já buscavam a renovação pedagógica. A
partir de 1930, as medidas para a criação de um sistema educativo público foram
controladas oficialmente pelo governo. Esta vontade de centralizar a formação e
de torná-la acessível aos mais pobres ficou clara com a criação do Ministério
da Educação e Saúde em novembro de 1930. Seu primeiro ministro foi Francisco
Campos (1930-1932). Com a difusão da instrução básica, Vargas acreditava poder
formar um povo mais consciente e mais apto às exigências democráticas, como o
voto, e uma elite de futuros políticos, pensadores e técnicos. Em 1931, o
governo decretou a obrigatoriedade do ensino religioso nas escolas públicas.
Esta aproximação entre Estado e Igreja também foi marcada pela inauguração, a
12 de outubro de 1931, da estátua do Cristo Redentor no Corcovado. O
historiador Boris Fausto afirmou que a Igreja, em troca, “levou a massa da
população católica a apoiar o novo governo”4. Em relação ao ensino superior, o
governo procurou estabelecer as bases do sistema universitário, investindo nas
áreas de ensino e pesquisa. Foram contratados jovens professores europeus como
Claude Lévy-Strauss que se tornaria, mais tarde, o criador da antropologia
estruturalista.
Além de haver um desenvolvimento
educacional, houve uma verdadeira revolução cultural em relação à República
Velha. O modernismo, tão criticado antes de 1930, tornou-se o movimento
artístico principal a partir do golpe de Vargas. A Academia de Letras, tão
admirada antes, não tinha mais nenhum prestígio. A cultura predominante era a
popular que, com o rádio, desenvolveu-se por todo o Brasil. Como analisou
Antônio Cândido, “nos anos 30 e 40, por exemplo, o samba e a marcha, antes
praticamente confinados aos morros e subúrbios do Rio, conquistaram o país e
todas as classes, tornando-se um pão-nosso quotidiano de consumo cultural”5.
No entanto, foram os intelectuais
partidários da Revolução de 1930, como Caio Prado Júnior, quem tiveram um papel
essencial no processo de desenvolvimento cultural do Brasil. Sérgio Buarque de
Holanda, com Raízes do Brasil principalmente, influenciou muito o desenvolvimento
do nacionalismo no Brasil. Em este ensaio, Sérgio Buarque de Holanda buscou
entender como se fez o processo da formação do Brasil como nação. Analisou a
história desde a chegada dos ibéricos à América até os anos 1930. Este livro,
como apontou Antônio Cândido, formou a mentalidade de muitos estudantes a
partir de 1936, quando foi publicado6. Nesse livro, Sérgio Buarque de Holanda
não só analisa o passado mas também dá os objetivos brasileiros para o futuro,
principalmente no último capítulo do livro ( Nossa Revolução).
Raízes do Brasil demonstrou que a
independência do Brasil não se fez em 1822, pois a formação de uma nação não só
se devia entender em relação à administração. O Brasil, para o autor, só seria
independente quando não houvesse mais marcos, a não ser o passado, da era
colonial. O retrato que Sérgio Buarque fez do livro é extremamente comparativo
e psicológico. O conceito de “homem cordial”, que estudou em seu quinto
capítulo, caracterizou o brasileiro como tendo uma personalidade única, diferente
da dos europeus. Mas, como disse, “com a simples cordialidade não se criam os
bons princípios”7. Por isso, defendeu tanto a industrialização e a
centralização do poder, pois eram características da era pós 30
Sérgio Buarque de Holanda, com Giberto
Freyre, formavam uma nova ala de intelectuais inovadores do Brasil. São os
fundadores da Universidade de Ciências Sociais do Brasil e são os pioneiros dos
movimentos nacionais e a favor da democratização da sociedade. Raízes do
Brasil, mas também outros livros como Casa-Grande e Senzala de Gilbetro Freyre,
quebra com todos os pensamentos expostos antes da Revolução de 1930. Como
aponta Renato Ortiz, “o que era mestiço torna-se nacional” 8. Na República
Velha, como o mostra Os Sertões de Euclides da Cunha, todas as raças que não
fossem brancas eram inferiores. Mas, com suas obras, o entendimento popular da
escravidão transformou-se muito. Sérgio Buarque de Holanda entende que não
adianta mais separar o mundo em classes. Mas uni-las para formar uma nação.
Vem daí a crítica dos sociólogos dos
anos 30 aos movimentos integralistas (fascismo brasileiro) e comunistas. Nisto
ele foi importantíssimo para a Revolução de 1930 pois os grupos extremistas já
estavam bem fortes e, com sua obra-prima, queriam até tomar o poder. Mesmo não
sendo oficialmente marxista, sua análise do processo histórico que abriria, no
futuro, a total independência do país em relação à agricultura e à Europa.
Bibliografia:
(1) Fausto, Boris: A Revolução de 1930: historiografia e história, São
Paulo, Brasiliense, 1972 p. 112
(2) Fausto, Boris: História do Brasil, São Paulo, Editora da
Universidade de São Paulo, 1995, p. 334
(3) Cândido, Antônio: A Revolução
de 1930 e a cultura, São Paulo, Cebrap, 1984, p. 28
(4) Fausto, Boris: História do Brasil,
São Paulo, Editora da Universidade de São Paulo, 1995, p. 333
(5) Cândido, Antônio: A Revolução de
1930 e a cultura, São Paulo, Cebrap, 1984, p.36
(6) Cândido, Antônio:O Significado de
“Raízes do Brasil”, São Paulo, Companhia das Letras, 1995, p. 9
(7) Buarque de Holanda, Sérgio: Raízes
do Brasil, São Paulo, Companhia das Letras, 1995, p.185
(8) Ortiz, Renato: Cultura Brasileira e
Identidade Nacional, “Da raça à cultura: a mestiçagem e o nacional”, p. 41
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