2002 a 2012

2004 – Depois da Bonança Vem… a Tempestade

Política
2004 começou com um sentimento geral de que seria o ano da estabilidade, política e econômica. Ledo engano. Neste ano, o governo do Presidente Lula sofreria a primeira de uma série de denúncias de corrupção, que permeariam o panorama político do país para os próximos anos.
Em fevereiro, a revista Época publicava uma reportagem que revelava que Waldomiro Diniz, assessor do ministro chefe da Casa Civil, José Dirceu, pedira propina e contribuições para campanhas ao bicheiro “Carlinhos Cachoeira”. O assessor foi exonerado e o ministro permaneceu, entretanto mais fechado, concentrado na área administrativa do governo.
 
A repercussão foi imediata. Já em março de 2004, uma pesquisa da CNI/Ibope, revelava que a confiança do brasileiro em relação ao Governo Lula caíra 20 pontos percentuais.
 
Fonte: Acervo Digital Veja – Edição 1847, pg. 39
O resultado, ao final de um ano eleitoral o PT sofrera perdas consideráveis em prefeituras de grandes cidades como São Paulo, onde José Serra vencera Marta Suplicy e em Porto Alegre.
Economia
O Ministro Palocci, apesar da crise dentro do governo, termina o ano mais firme do que nunca. Com um crescimento expressivo do PIB, que nos primeiros 9 meses de 2004 demonstrara uma evolução de 5,3%, em relação ao ano anterior, aliado ao crescimento das atividades industriais e consequente aquecimento do emprego formal, ele consolidou sua posição de poder.
 
O dólar, em mais um ano de queda, fecha o ano valendo R$ 2,70, tendo alcançado R$ 2,67 em 20/12/2004.
Por outro lado, a taxa SELIC subira 1,25 pontos percentuais em relação à janeiro, encerrando o ano a 17,75% a.a.
O petróleo foi o grande vilão de 2004, tendo atingido cotações históricas de US$ 52,00/barril, quase o dobro do menor valor do ano de US$ 28,99.
Sociedade
Infelizmente 2004 termina com uma das piores tragédias da humanidade. Em 26 de dezembro, um terremoto submarino provocou um tsunami que devastou a Indonésia, Sri Lanka, parte da Índia e diversos países da região.
A magnitude do abalo foi forte o suficiente para mover a posição do pólo norte em 2,5 cm.
O saldo foram mais de 174 mil mortos em 15 países e a mudança da geografia da região permanentemente.
2005 – O Que Será o Tal de “Mensalão”
Política
Em 6 de junho o jornal Folha de São Paulo publica uma entrevista com o deputado federal Roberto Jefferson, na época presidente nacional do PTB, que denunciava a existência de um esquema de corrupção no congresso, onde por meio do ministro da Casa Civil, José Dirceu, e do tesoureiro do PT, Delúbio Soares, cada deputado da base aliada recebia uma “caixinha mensal” de R$ 30.000,00. Estava cunhado o termo “MENSALÂO”.
A torrente de fatos que vieram a público então disparou a maior crise política á existente. Nomes como o do mineiro Marcos Valério, até então desconhecido, viraram hits nos noticiários.
 
Perderam seus cargos, ou pediram a dispensa antes disto, diversas autoridades políticas e administrativas. Os mais expressivos sem dúvida foram o tesoureiro o PT, Delúbio Soares, o presidente do PT, José Genoíno, que teve seu irmão preso tentando embarcar em um vôo internacional com US$ 300 mil, 100 destes na cueca, e o ministro chefe da Casa Civil, José Dirceu.
Para substituí-lo, o presidente Lula indicou a mineira Dilma Rousseff, que até então ocupava o cargo de ministra de Minas e Energia. Com a fama de administradora “que faziam as coisas andarem”, nas palavras do presidente Lula, Dilma assumia a difícil tarefa de ordenar a casa, depois da bagunça deixada por Dirceu, e melhorar a imagem do PT.
Economia
A inflação anual atingiu a casa dos 5,7%, o PIB recuara 1,2% em relação a 2004. Apesar disto, houve superávit da balança comercial, impulsionado principalmente pela demanda de commodities, tendo como principais compradores os emergentes Índia e China.
Fonte: IBGE 2006
A taxa SELIC, disparara no meio do ano, alcançando 19,75% em junho, mas fechou o ano em 18%.
O dólar, continuando sua queda, fecha o ano cotado a R$ 2,34, com queda de 12,36% no ano.
O Risco País, fechou o ano em 342 pontos com tendência de queda, tendo em vista as ações do governo para assegurar a solvência da dívida externa.





Brasil 2002-2012 – Uma Era de Transformação


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Foto: Acervo Veja
Proposto pela disciplina de Economia e Mercado, lecionada pela professora Renata Moreira Lopes, do curso de graduação tecnológica em Processos Gerencias da Faculdade Una, campus Contagem, sobre o tema: 2002 à 2012, Governo Lula e Dilma, Crises Econômicas, Transições de Governo e Economia Atuais, o presente trabalho contempla uma das etapas mais marcantes da história brasileira. A estabilidade econômica, a ascensão de um operário ao cargo de mandatário da nação e a eleição da primeira mulher Presidenta, são de longe, fatos importantíssimos.
Sobre o efeito destas mudanças no país, será elaborado pelo grupo uma série de 5 artigos que demonstrará as mudanças ocorridas no país, o panorama econômico, desejos e expectativas de um povo que, finalmente, vê seu país modificando. Iniciando com a transição de governo e entre Fernando Henrique Cardoso e Lula, este artigo falará dos dois primeiros anos deste período.
2002 – O Sonho do Brasil Governado Pelo Povo
Sociedade
No início de 2002, o povo brasileiro já não se preocupava tanto com a inflação, a economia já se encontrava em estabilidade relativa, a taxa de inflação anual, apesar de bem acima da média projetada, era relativamente pequena, tendo apresentado em 2001 um índice de 7,67% (Fonte: IBGE).
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Economia
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No mundo, era comemorada a estréia do EURO, moeda forte, fruto de um ambicioso projeto da União Européia, que durante um longo período preparou as nações do bloco para adoção desta moeda única.
A Globalização ainda não era sentida pelo Brasil como uma realidade, pois mesmo depois de uma década de abertura do mercado o país ainda amargava com altos índices de
desemprego e crescimento de apenas 8% do PIB em relação a 1990 (Fonte FMI e Bloomberg).
A subida de Lula nas pesquisas deixou o mercado internacional inquieto. O indicador de risco país oscilou como nunca variando entre 700 (15/03/2002) e 2.436 (27/09/2002) pontos (Fonte: Ipea), o que fez com que as linhas de crédito internacionais secassem.
Os títulos da dívida externa brasileira despencaram devido ao temor de um calote do novo governo que despontava.
O dólar atingiu sua maior cotação desde o início do real, atingindo a marca histórica de R$ 3,9544 e encerrou o ano cotado a R$ 3,5325, com valorização de 53,13% sobre o real (Fonte: Banco Central do Brasil).
Política
Como a escolha dos brasileiros para ocupar o planalto. Entretanto, com o surgimento de denúncias de irregularidades em sua empresa, onde foram encontrados 1,34 milhões de reais, que supunha-se ser de extintos projetos da SUDAM, a candidata desistiu de concorrer à vaga, sendo eleita senadora por seu estado (MA).O ano iniciou com ares de que iríamos presenciar a eleição da primeira mulher presidente. A então candidata Roseana Sarney despontava nas pesquisas co-
O então candidato Lula, já em 13 de maio de 2002 despontava como o preferido nas pesquisas para a sucessão presidencial, tendo atingido 42 pontos percentuais, segundo pesquisa Vox Populi da época.
Apesar da vantagem, Lula não venceu no primeiro turno, tendo obtido 39.455.233 votos ou 46,4% dos votos válidos. Na disputa do 2º turno com o tucano José Serra, Lula confirmou seu favoritismo e teve a melhor votação até então de presidente, obtendo 52.793.364 votos ou 61,3% dos votos válidos (Fonte: TSE).
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Foto: Jonne Roriz
Então, em 27 de outubro de 2002, o Brasil elegia um representante do povo para o cargo de presidente. Nordestino e metalúrgico, Lula era a cara do povo brasileiro e carregava consigo as esperanças desse povo. Porém, as mudanças não viriam na forma em que fora pensada, nem pelo povo, nem pelos mercados.
2003 – Reequilibrando as Contas e a Confiança do Povo
Política
Quando olho a minha própria vida de retirante nordestino, de menino que vendia amendoim e laranja no cais de Santos, que se tornou torneiro mecânico e líder sindical, que um dia fundou o Partido dos Trabalhadores e acreditou no que estava fazendo, que agora assume o posto de supremo mandatário da nação, vejo e sei, com toda a clareza e com toda a convicção, que nós podemos muito mais.”
Trecho do discurso de posse de Lula, no Congresso.
Com este discurso, o ano de 2003 começava imerso no desejo de mudança da nação. O então presidente Lula, iniciou uma fase não de mudanças, mas de continuidade do trabalho que vinha sendo executado por seu antecessor. Acordos não foram cancelados, dívidas não deixaram de ser pagas e a promessa de uma mudança radical foi esquecida.
O então ministro da Fazenda, Antônio Palocci, em discurso a nação não deixou de elogiar seu antigo sucessor tendo dito: “A seriedade e a responsabilidade na gestão da coisa pública são herança inegável da condução da política do ministro Malan e sua equipe”.
A nomeação dos ministros foi um capítulo à parte, sendo incluídos músicos, seringueiras, feministas, ex-guerrilheiros e diplomatas, a corte do então presidente era culturalmente diversificada.
Apesar do discurso anterior do PT, que acusava o ex-presidente FHC de viajar demais, Lula em seu primeiro ano fez 18 viagens (3 a mais que seu FHC em 2002), visitando 27 países. Esta exposição foi particularmente providencial. Lula anunciava aos quatro cantos do mundo sua intenção de continuar a agenda de reformas dando atenção especial às áreas previdenciária e tributária.
Sociedade
As perspectivas de melhora na situação de miséria do Brasil não foram realizadas em 2003, apesar de lançado o programa fome zero do governo federal, os responsáveis pela condução do programa não pareciam interessados em sua implantação. Os números que o governo insistia em divulgar eram absurdamente maiores que o número de pessoas a serem alcançadas pelo programa.
Com o desemprego em alta, fechando 2003 com uma taxa recorde de 12,4% (Fonte: IBGE), o brasileiro se viu obrigado a optar pelo mercado informal, trabalhando sem carteira assinada com salário médio de R$ 100,00, menos da metade do salário mínimo oficial de R$ 240,00.
Economia
O mercado financeiro internacional termina o ano reagindo a bem à política do novo governo que provocara uma série de incertezas no ano anterior. O risco Brasil despencou para 490 pontos (Fonte: Ipea), índice não alcançado desde 1998.
A balança comercial apresentou superávit de 24 bilhões de dólares, batendo um recorde existente.
Os títulos da dívida externa valorizaram-se, chegando a quase igualar ao valor de face, fato nunca antes conseguido.
O dólar recuara, fechando o ano com cotação de R$ 2,8892 (Fonte: Banco Central do Brasil)
A inflação por recuou, passando dos 12,53% em 2002 para 9,30% em 2003, entretanto sem alcançar os índices esperados pela equipe econômica.
A recuperação no campo econômico foi o mote do ano de 2003 para o governo Lula, entretanto, a situação de estabilidade ainda não estava garantida como veremos nos próximos artigos.



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