2004
– Depois da Bonança Vem… a Tempestade
Política
2004 começou com um
sentimento geral de que seria o ano da estabilidade, política e econômica. Ledo
engano. Neste ano, o governo do Presidente Lula sofreria a primeira de uma
série de denúncias de corrupção, que permeariam o panorama político do país
para os próximos anos.
Em fevereiro, a revista
Época publicava uma reportagem que revelava que Waldomiro Diniz, assessor do
ministro chefe da Casa Civil, José Dirceu, pedira propina e contribuições para
campanhas ao bicheiro “Carlinhos Cachoeira”. O assessor foi exonerado e o
ministro permaneceu, entretanto mais fechado, concentrado na área
administrativa do governo.
A repercussão foi
imediata. Já em março de 2004, uma pesquisa da CNI/Ibope, revelava que a
confiança do brasileiro em relação ao Governo Lula caíra 20 pontos percentuais.
Fonte: Acervo Digital Veja
– Edição 1847, pg. 39
O resultado, ao final de
um ano eleitoral o PT sofrera perdas consideráveis em prefeituras de grandes
cidades como São Paulo, onde José Serra vencera Marta Suplicy e em Porto
Alegre.
Economia
O Ministro Palocci, apesar
da crise dentro do governo, termina o ano mais firme do que nunca. Com um
crescimento expressivo do PIB, que nos primeiros 9 meses de 2004 demonstrara
uma evolução de 5,3%, em relação ao ano anterior, aliado ao crescimento das
atividades industriais e consequente aquecimento do emprego formal, ele
consolidou sua posição de poder.
O dólar, em mais um ano de
queda, fecha o ano valendo R$ 2,70, tendo alcançado R$ 2,67 em 20/12/2004.
Por outro lado, a taxa
SELIC subira 1,25 pontos percentuais em relação à janeiro, encerrando o ano a
17,75% a.a.
O petróleo foi o grande
vilão de 2004, tendo atingido cotações históricas de US$ 52,00/barril, quase o
dobro do menor valor do ano de US$ 28,99.
Sociedade
Infelizmente 2004 termina
com uma das piores tragédias da humanidade. Em 26 de dezembro, um terremoto
submarino provocou um tsunami que devastou a Indonésia, Sri Lanka, parte da
Índia e diversos países da região.
A magnitude do abalo foi
forte o suficiente para mover a posição do pólo norte em 2,5 cm.
O saldo foram mais de 174
mil mortos em 15 países e a mudança da geografia da região permanentemente.

2005
– O Que Será o Tal de “Mensalão”
Política
Em 6 de junho o jornal
Folha de São Paulo publica uma entrevista com o deputado federal Roberto
Jefferson, na época presidente nacional do PTB, que denunciava a existência de
um esquema de corrupção no congresso, onde por meio do ministro da Casa Civil,
José Dirceu, e do tesoureiro do PT, Delúbio Soares, cada deputado da base
aliada recebia uma “caixinha mensal” de R$ 30.000,00. Estava cunhado o termo
“MENSALÂO”.
A torrente de fatos que
vieram a público então disparou a maior crise política á existente. Nomes como
o do mineiro Marcos Valério, até então desconhecido, viraram hits nos
noticiários.
Fonte: http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/nove-reportagens-que-desvendaram-o-mensalao-vejanarede
Perderam seus cargos, ou
pediram a dispensa antes disto, diversas autoridades políticas e
administrativas. Os mais expressivos sem dúvida foram o tesoureiro o PT,
Delúbio Soares, o presidente do PT, José Genoíno, que teve seu irmão preso
tentando embarcar em um vôo internacional com US$ 300 mil, 100 destes na cueca,
e o ministro chefe da Casa Civil, José Dirceu.
Para substituí-lo, o
presidente Lula indicou a mineira Dilma Rousseff, que até então ocupava o cargo
de ministra de Minas e Energia. Com a fama de administradora “que faziam as
coisas andarem”, nas palavras do presidente Lula, Dilma assumia a difícil
tarefa de ordenar a casa, depois da bagunça deixada por Dirceu, e melhorar a
imagem do PT.

Economia
A inflação anual atingiu a
casa dos 5,7%, o PIB recuara 1,2% em relação a 2004. Apesar disto, houve
superávit da balança comercial, impulsionado principalmente pela demanda de
commodities, tendo como principais compradores os emergentes Índia e China.

Fonte: IBGE 2006
A taxa SELIC, disparara no
meio do ano, alcançando 19,75% em junho, mas fechou o ano em 18%.
O dólar, continuando sua
queda, fecha o ano cotado a R$ 2,34, com queda de 12,36% no ano.
O Risco País, fechou o ano
em 342 pontos com tendência de queda, tendo em vista as ações do governo para
assegurar a solvência da dívida externa.
Brasil
2002-2012 – Uma Era de Transformação
Foto:
Acervo Veja
Proposto
pela disciplina de Economia e Mercado, lecionada pela professora Renata Moreira
Lopes, do curso de graduação tecnológica em Processos Gerencias da Faculdade
Una, campus Contagem, sobre o tema: 2002 à 2012, Governo Lula e Dilma, Crises
Econômicas, Transições de Governo e Economia Atuais, o presente trabalho
contempla uma das etapas mais marcantes da história brasileira. A estabilidade
econômica, a ascensão de um operário ao cargo de mandatário da nação e a
eleição da primeira mulher Presidenta, são de longe, fatos importantíssimos.
Sobre
o efeito destas mudanças no país, será elaborado pelo grupo uma série de 5
artigos que demonstrará as mudanças ocorridas no país, o panorama econômico,
desejos e expectativas de um povo que, finalmente, vê seu país modificando.
Iniciando com a transição de governo e entre Fernando Henrique Cardoso e Lula,
este artigo falará dos dois primeiros anos deste período.
2002 – O Sonho do Brasil Governado
Pelo Povo
Sociedade
No
início de 2002, o povo brasileiro já não se preocupava tanto com a inflação, a
economia já se encontrava em estabilidade relativa, a taxa de inflação anual,
apesar de bem acima da média projetada, era relativamente pequena, tendo
apresentado em 2001 um índice de 7,67% (Fonte: IBGE).

Economia

A
Globalização ainda não era sentida pelo Brasil como uma realidade, pois mesmo
depois de uma década de abertura do mercado o país ainda amargava com altos
índices de
desemprego
e crescimento de apenas 8% do PIB em relação a 1990 (Fonte FMI e Bloomberg).
A
subida de Lula nas pesquisas deixou o mercado internacional inquieto. O
indicador de risco país oscilou como nunca variando entre 700 (15/03/2002) e
2.436 (27/09/2002) pontos (Fonte: Ipea), o que fez com que as linhas de crédito
internacionais secassem.
Os
títulos da dívida externa brasileira despencaram devido ao temor de um calote
do novo governo que despontava.
O
dólar atingiu sua maior cotação desde o início do real, atingindo a marca
histórica de R$ 3,9544 e encerrou o ano cotado a R$ 3,5325, com valorização de
53,13% sobre o real (Fonte: Banco Central do Brasil).
Política
Como
a escolha dos brasileiros para ocupar o planalto. Entretanto, com o surgimento
de denúncias de irregularidades em sua empresa, onde foram encontrados 1,34
milhões de reais, que supunha-se ser de extintos projetos da SUDAM, a candidata
desistiu de concorrer à vaga, sendo eleita senadora por seu estado (MA).O ano
iniciou com ares de que iríamos presenciar a eleição da primeira mulher
presidente. A então candidata Roseana Sarney despontava nas pesquisas co-
(Fonte:http://noticias.terra.com.br/especial/retrospectiva2002/interna/0,6512,OI72385-EI1078,00.html)
O
então candidato Lula, já em 13 de maio de 2002 despontava como o preferido nas
pesquisas para a sucessão presidencial, tendo atingido 42 pontos percentuais,
segundo pesquisa Vox Populi da época.
Apesar
da vantagem, Lula não venceu no primeiro turno, tendo obtido 39.455.233 votos
ou 46,4% dos votos válidos. Na disputa do 2º turno com o tucano José Serra,
Lula confirmou seu favoritismo e teve a melhor votação até então de presidente,
obtendo 52.793.364 votos ou 61,3% dos votos válidos (Fonte: TSE).

Foto:
Jonne Roriz
Então,
em 27 de outubro de 2002, o Brasil elegia um representante do povo para o cargo
de presidente. Nordestino e metalúrgico, Lula era a cara do povo brasileiro e
carregava consigo as esperanças desse povo. Porém, as mudanças não viriam na
forma em que fora pensada, nem pelo povo, nem pelos mercados.
2003 – Reequilibrando as Contas e a
Confiança do Povo
Política
”Quando olho a minha própria vida de
retirante nordestino, de menino que vendia amendoim e laranja no cais de
Santos, que se tornou torneiro mecânico e líder sindical, que um dia fundou o
Partido dos Trabalhadores e acreditou no que estava fazendo, que agora assume o
posto de supremo mandatário da nação, vejo e sei, com toda a clareza e com toda
a convicção, que nós podemos muito mais.”
Trecho do discurso de posse de Lula,
no Congresso.
Com
este discurso, o ano de 2003 começava imerso no desejo de mudança da nação. O
então presidente Lula, iniciou uma fase não de mudanças, mas de continuidade do
trabalho que vinha sendo executado por seu antecessor. Acordos não foram cancelados,
dívidas não deixaram de ser pagas e a promessa de uma mudança radical foi
esquecida.
O
então ministro da Fazenda, Antônio Palocci, em discurso a nação não deixou de
elogiar seu antigo sucessor tendo dito: “A seriedade e a responsabilidade na
gestão da coisa pública são herança inegável da condução da política do
ministro Malan e sua equipe”.
A
nomeação dos ministros foi um capítulo à parte, sendo incluídos músicos,
seringueiras, feministas, ex-guerrilheiros e diplomatas, a corte do então
presidente era culturalmente diversificada.
Apesar
do discurso anterior do PT, que acusava o ex-presidente FHC de viajar demais,
Lula em seu primeiro ano fez 18 viagens (3 a mais que seu FHC em 2002),
visitando 27 países. Esta exposição foi particularmente providencial. Lula
anunciava aos quatro cantos do mundo sua intenção de continuar a agenda de
reformas dando atenção especial às áreas previdenciária e tributária.
Sociedade
As
perspectivas de melhora na situação de miséria do Brasil não foram realizadas
em 2003, apesar de lançado o programa fome zero do governo federal, os
responsáveis pela condução do programa não pareciam interessados em sua
implantação. Os números que o governo insistia em divulgar eram absurdamente
maiores que o número de pessoas a serem alcançadas pelo programa.
Com
o desemprego em alta, fechando 2003 com uma taxa recorde de 12,4% (Fonte:
IBGE), o brasileiro se viu obrigado a optar pelo mercado informal, trabalhando
sem carteira assinada com salário médio de R$ 100,00, menos da metade do salário
mínimo oficial de R$ 240,00.
Economia
O
mercado financeiro internacional termina o ano reagindo a bem à política do
novo governo que provocara uma série de incertezas no ano anterior. O risco
Brasil despencou para 490 pontos (Fonte: Ipea), índice não alcançado desde
1998.
A
balança comercial apresentou superávit de 24 bilhões de dólares, batendo um
recorde existente.
Os
títulos da dívida externa valorizaram-se, chegando a quase igualar ao valor de
face, fato nunca antes conseguido.
O
dólar recuara, fechando o ano com cotação de R$ 2,8892 (Fonte: Banco Central do
Brasil)
A
inflação por recuou, passando dos 12,53% em 2002 para 9,30% em 2003, entretanto
sem alcançar os índices esperados pela equipe econômica.
A
recuperação no campo econômico foi o mote do ano de 2003 para o governo Lula,
entretanto, a situação de estabilidade ainda não estava garantida como veremos
nos próximos artigos.
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