1994 a 2002

IMPLANTAÇÃO DO PLANO REAL

O Plano Real foi o programa brasileiro de estabilização econômica que promoveu o fim da inflação elevada no país.

Até a vigoração da nova moeda, o Plano passou por três fases: O Programa de Ação Imediata, a criação da URV (Unidade Real de Valor) e a implementação da nova moeda, o Real.

Na primeira etapa, ocorreu o Programa de Ação Imediata (PAI) – caracterizou-se por medidas econômicas elaboradas em julho de 1993, pelo Ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso e sua equipe econômica, ainda no governo do Itamar Franco

A princípio este Programa de Ação Imediata visualizou algumas necessidades, dentre elas:
  •   corte de gastos públicos;
  •   recuperação da receita, através do combate a evasão fiscal, inclusive das grandes empresas;
  •    austeridade no relacionamento com Estados e Municípios, através do corte de repasses                inconstitucionais, forçando Estados e Municípios a equilibrarem seus gastos através de cortes.
  •   ajustes nos Bancos Estaduais e Federais, através da intervenção do Banco Central;
  •    privatizações de empresas dos setores siderúrgicos, petroquímico e de fertilizantes, visto que as empresas públicas estavam reféns de interesses corporativos, políticos e econômicos.

Já a segunda etapa do Plano, já em 1994, propunha a criação da URV, na qual houve conversão dos salários e benefícios previdenciários, promovendo a neutralidade distributiva.
A terceira etapa, em junho de 1994, foi editada a Medida Provisória que implementou a nova moeda, o Real.

Nesta fase o capital especulativo internacional foi atraído pelas altas taxas de juros, aumentando as reservas cambiais, porém causou dependência da política cambial a esses investimentos não confiáveis em caso de oscilações econômicas.

As políticas econômicas neoliberais formuladas no governo Collor foram reforçadas, através de políticas públicas como: a privatização de empresas estatais, a abertura do mercado, da livre negociação salarial e da liberação de capital.

O Plano Real conseguiu alcançar o resultado almeijado. A inflação foi controlada, o país ficou economicamente estabilizado, proporcionando crescimento político-econômico à nação.

Com as bases das políticas macro-econômicas do Plano Real bem estabelecidas, o governo de Fernando Henrique teve um primeiro mandato de grande aprovação popular, o que o levou a reeleição em 1998. Durante os dois mandatos, pouco se mudou dos fundamentos econômicos estabelecidos a partir da implantação do Plano Real. 



A visão político-econômica da implantação do Plano Real

Relatos

Sílvio Luiz Rocha, 56 anos, analista de contrato:

“Apesar dos governos estarem cheios de boas intenções, normalmente as políticas adotadas eram extremamente penosas para a população em geral. Conseqüentemente existia um grande desgaste político para os autores desses planos.
Foi neste cenário que nasceu o plano real em 1994. Apesar das várias tentativas, o país continuava sofrendo principalmente com a inflação que teimava em resistir a todos os planos e ações dos governos anteriores.

A novidade do Plano Real frente aos planos anteriores foi que, dessa vez, o governo não estava mais apostando somente no congelamento de preços, outras ações foram tomas para garantir a transição. Uma das primeiras ações foi cortar 03 zeros da moeda, em seguida criado a URV (Unidade Real de Valor), com ela novas referencias de valor foram estabelecidas, com isso, aos poucos o país foi abandonando o velho vício de indexar a inflação aos preços. O governo também estabeleceu uma paridade de um para um entre 1 URV  e 01 dólar.

 Para substituir o Cruzeiro Real, em 1º de julho foi criado uma nova moeda, o Real. Com a paridade, a moeda nacional ganhou credibilidade e aos poucos tanto o mercado como a população começou a demonstrar confiança nas políticas do governo. Com a eleição do Fernando Enrique no final de 1994, ficou a certeza para o mercado de que as políticas adotadas no plano real seriam mantidas. O resultado não foi diferente, O FHC manteve a austeridade no controle da inflação com ações de manutenção de taxas de juros internas mais elevadas do que o mercado mundial e supervalorização do Real. Com isso grandes fluxos de capitais chegaram ao país, impulsionando a economia.

Em 2002 foi eleito para presidente Luiz Inácio da Silva (Lula). Em virtude da robustez dos fundamentos econômicos vigente na época, o governo praticamente manteve o que já vinha dando certo. Ainda hoje pouca coisa mudou, apesar de três mandatos dos candidatos do partido adversário de Fernando Henrique. Isso demonstra o quanto o Plano Real ajudou o país a se livrar definitivamente dos seus maiores desafios, a inflação e a falta de crescimento.”

Cláudio Penna, 77 anos, aposentado, ressalta o sofrimento da população brasileira com a alta inflação antes da implantação do Plano Real. “Foi uma medida bastante eficaz em seus princípios, que tinha como objetivo combater a hiperinflação. Houve receio? Sim. A transição de uma moeda que não valia nada para uma que valia causou preocupação na população, porém a receptividade do novo plano em si, foi muito tranquila. São muitas as dificuldades que nós estávamos vivendo desde os 12 planos fracassados na tentativa de abolir a inflação. Os preços lá em cima, os salários, lá embaixo.  A equipe econômica do governo naquela época era muito competente, bastante preparada para enfrentar tal situação. Fernando Henrique contava em  com o André Pinheiro de Lara Resende e Edmar Bacha, são estes dois economistas  que me recordo no momento. A base da nova moeda foi muito bem arquitetada, pois hoje a moeda é estável e perdura até então.”

Paulo Balbino, 60 anos, inspetor de ensaio do setor de metrologia, define o Plano Real como a salvação do país naquela época, e acredita que se não houvesse tanta corrupção política, talvez o Brasil não teria passado por tantas crises após a implantação do mesmo. “Foi um plano que salvou nosso país e que se não tivesse tanta roubalheira por parte dos políticos, quem sabe não estaríamos vivendo num país de primeiro mundo, com forças para suportar qualquer crise financeira, como esta que estamos vivendo.”




1994 – O ano que começou!

O governo presidencial que se encerrou em 1994 passou por uma série de crises. O problema inicial se deu com o impeachment do presidente eleito por voto direto Fernando Collor de Melo. Em seu lugar assumiu o vise Itamar Franco, que guiou o mandato até o final. Outro problema, que já se arrastava há algum tempo, foi o da economia, com suas graves crises financeiras e inflacionárias. A inflação atingia todo mês níveis exorbitantes.

No final do ano de 1993, o governo deu início a um plano econômico com o objetivo de controlar a hiperinflação do país. O presidente Itamar Franco permitiu que o Ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, conduzisse todo o processo, desde sua idealização ate sua execução. Fernando Henrique reuniu vários economistas para elaborar as medidas do governo e as reformas econômicas e monetárias necessárias.
No que resultou no Plano Real o programa brasileiro de estabilização econômica que promoveu o fim da inflação elevada no Brasil, iniciada oficialmente no dia 27 de fevereiro de 1994. A medida determinou a Unidade Real de Valor (URV) que culminou com o lançamento do real.
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1994/1995 – Com a estabilização trazida pelo Plano Real, Fernando Henrique Cardoso consegue se eleger como presidente do País. Por Alex Silva/AE
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O Plano Real se mostrou o mais eficaz programa de estabilização econômica da história do Brasil. Mas para alcançar o sucesso foi preciso que fossem tomadas medidas como privatizações de vários setores estatais, criação de agências reguladoras, implantação da Lei de Responsabilidade Fiscal, liquidação ou venda da maioria dos bancos estaduais, renegociação da dívida pública e maior abertura comercial com o exterior. Por motivos como esses, o Plano Real também recebeu oposição no seu período de implantação, tendo o Partido dos Trabalhadores (PT) como um dos maiores opositores.
No lançamento do Plano Real, esperava-se como efeitos de longo prazo a manutenção das baixas taxas inflacionárias, o aumento do poder aquisitivo da população, a modernização do parque industrial brasileiro e o crescimento econômico acompanhado da geração de empregos. O Real prosperou, mostrou-se competente e é utilizado até hoje no Brasil. Desde 1994 o Real passou por várias crises econômicas mundiais e demonstrou capacidade de controle e recuperação, especialmente a crise de 2008-2009, que gerou uma imensa quebradeira na Europa e nos Estados Unidos, a qual passou sem muito impacto pelo Brasil. O país, hoje, conta com uma moeda forte e estável, sem apresentar indícios de substituição.

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