Como
foi criado o Plano Real?
O Plano Real se desdobrou
em três fases e, diferentemente dos anteriores, foi anunciado antecipadamente à
sociedade. Em nenhum momento houve congelamento de preços. A primeira fase, que
durou do final de 1993 a fevereiro de 1994 consistiu na batalha por aprovar no
Congresso medidas que assegurassem um mínimo de controle sobre as contas
públicas. Essa foi uma lição aprendida com os planos anteriores: como a
inflação alta ajudava o governo a fechar as suas contas, se o objetivo era
derrubá-la e mantê-la no chão, era preciso tomar as rédeas das contas públicas.
A segunda fase transcorreu
de fevereiro a junho de 1994 e foi marcada pela progressiva cotação dos preços
em URV, uma unidade real de valor, ou seja, uma referência estável de valor. O
cruzeiro novo não saiu de cena de imediato. A cada dia, o BC fixava uma taxa de
conversão da URV em cruzeiros, baseada na média de três índices diários de
inflação.
A URV era uma quase moeda,
porque servia de unidade de conta, de reserva de valor, mas não de meio de
pagamento. Ou seja, os bens e serviços continuavam a ser pagos em cruzeiros
novos, mas passaram a ter referência numa unidade de valor estável, mais ou menos
como se fosse um substituto do dólar. Assim, a URV permitiu o alinhamento dos
preços sem necessidade e as inconveniências do congelamento. A terceira fase
começa com a emissão da nova moeda, o Real, em lugar dos cruzeiros novos. A URV
foi a parteira do Real.
Por
que o Real foi aceito
Adeptos da teoria
austríaca sabem que uma moeda só é imediatamente aceita após o seu surgimento
caso ela já possua um histórico como meio de troca. Se você criar uma moeda de
papel hoje, do nada, é muito provável que ninguém irá aceitá-la. Da mesma
forma, um país que troque o seu sistema monetário, introduzindo uma nova moeda,
pode até ser capaz de fazer — por meio da força, da coerção e das leis de curso
forçado — com que seus cidadãos a utilizem; porém, dificilmente conseguirá
fazer com que investidores estrangeiros confiem nesta moeda. Tampouco os
governos de outros países.
Por isso, caso o Brasil
simplesmente trocasse o nome da sua moeda, é bastante provável que ela não
fosse levada a sério pela comunidade internacional — principalmente levando-se
em conta nosso histórico nada favorável de libertinagem monetária. Logo, apenas
a criação de uma nova moeda não seria capaz de fazer com que, logo em seus
primeiros meses, ela se apreciasse como o Real se apreciou, indo de uma taxa de
câmbio de R$1/US$ para R$0,84/US$. Portanto, qual foi o segredo?
O segredo é aquilo que
pode ser chamado de “qualidade da moeda”. A qualidade da moeda é determinada ou
pelos ativos que a lastreiam ou pelos ativos pelos quais ela pode ser trocada
sob demanda e sem restrição. No caso do Real, o segredo estava justamente no
tamanho das reservas internacionais em dólares.
Ao final de julho de 1994,
a quantidade de reais em poder do público e em contas-correntes (ou seja, o M1)
era de R$10,687 bilhões. Já a quantidade
de reservas internacionais era de US$43,09
bilhões.
Isso significa que mesmo
se todos os reais em circulação na economia brasileira fossem convertidos em
dólares, ainda sobrariam (muitos) dólares. Em outras palavras, na eventualidade
de uma crise econômica mundial que assustasse os investidores estrangeiros e os
levasse a retirar todos os seus investimentos do Brasil, eles não teriam por
que se preocupar em não conseguir converter reais em dólares. Havia dólares
sobrando. Foi justamente esta “qualidade do Real” — o fato de estar lastreado
abundantemente em dólares — que garantiu a confiança dos investidores, levando
à sua imediata apreciação logo após o seu surgimento.
Quais
as razões do seu sucesso?
A primeira é que a
sociedade brasileira havia chegado a um ponto máximo de saturação com a
inflação, a tal ponto que mesmo os setores e grupos que se beneficiavam dela
estavam dispostos a virar aquela página da história.
A segunda é o aprendizado
com a experiência fracassada dos planos anteriores (alguns dos “pais do Real”
haviam participado do Cruzado 1).
A terceira é que a
economia brasileira já era mais aberta às importações do que nas vezes
anteriores (e a possibilidade de importação disciplina os preços internos).
A quarta, mas não menos
importante, foi a liderança do então ministro da fazenda e depois presidente Fernando
Henrique Cardoso, que conseguiu reunir uma equipe econômica qualificada,
convencer o presidente Itamar,
mobilizar força política na sociedade e no Congresso e, finalmente, conquistar
dois mandatos presidenciais que permitiram avançar na consolidação da estabilidade
econômica.
O Plano Real se desdobrou
em três fases e, diferentemente dos anteriores, foi anunciado antecipadamente à
sociedade. Em nenhum momento houve congelamento de preços. A primeira fase, que
durou do final de 1993 a fevereiro de 1994 consistiu na batalha por aprovar no
Congresso medidas que assegurassem um mínimo de controle sobre as contas
públicas. Essa foi uma lição aprendida com os planos anteriores: como a
inflação alta ajudava o governo a fechar as suas contas, se o objetivo era
derrubá-la e mantê-la no chão, era preciso tomar as rédeas das contas públicas.
A segunda fase transcorreu
de fevereiro a junho de 1994 e foi marcada pela progressiva cotação dos preços
em URV, uma unidade real de valor, ou seja, uma referência estável de valor. O
cruzeiro novo não saiu de cena de imediato. A cada dia, o BC fixava uma taxa de
conversão da URV em cruzeiros, baseada na média de três índices diários de
inflação.
A URV era uma quase moeda,
porque servia de unidade de conta, de reserva de valor, mas não de meio de
pagamento. Ou seja, os bens e serviços continuavam a ser pagos em cruzeiros
novos, mas passaram a ter referência numa unidade de valor estável, mais ou menos
como se fosse um substituto do dólar. Assim, a URV permitiu o alinhamento dos
preços sem necessidade e as inconveniências do congelamento. A terceira fase
começa com a emissão da nova moeda, o Real, em lugar dos cruzeiros novos. A URV
foi a parteira do Real.
Por
que o Real foi aceito
Adeptos da teoria
austríaca sabem que uma moeda só é imediatamente aceita após o seu surgimento
caso ela já possua um histórico como meio de troca. Se você criar uma moeda de
papel hoje, do nada, é muito provável que ninguém irá aceitá-la. Da mesma
forma, um país que troque o seu sistema monetário, introduzindo uma nova moeda,
pode até ser capaz de fazer — por meio da força, da coerção e das leis de curso
forçado — com que seus cidadãos a utilizem; porém, dificilmente conseguirá
fazer com que investidores estrangeiros confiem nesta moeda. Tampouco os
governos de outros países.
Por isso, caso o Brasil
simplesmente trocasse o nome da sua moeda, é bastante provável que ela não
fosse levada a sério pela comunidade internacional — principalmente levando-se
em conta nosso histórico nada favorável de libertinagem monetária. Logo, apenas
a criação de uma nova moeda não seria capaz de fazer com que, logo em seus
primeiros meses, ela se apreciasse como o Real se apreciou, indo de uma taxa de
câmbio de R$1/US$ para R$0,84/US$. Portanto, qual foi o segredo?
O segredo é aquilo que
pode ser chamado de “qualidade da moeda”. A qualidade da moeda é determinada ou
pelos ativos que a lastreiam ou pelos ativos pelos quais ela pode ser trocada
sob demanda e sem restrição. No caso do Real, o segredo estava justamente no
tamanho das reservas internacionais em dólares.
Ao final de julho de 1994,
a quantidade de reais em poder do público e em contas-correntes (ou seja, o M1)
era de R$10,687 bilhões. Já a quantidade
de reservas internacionais era de US$43,09
bilhões.
Isso significa que mesmo
se todos os reais em circulação na economia brasileira fossem convertidos em
dólares, ainda sobrariam (muitos) dólares. Em outras palavras, na eventualidade
de uma crise econômica mundial que assustasse os investidores estrangeiros e os
levasse a retirar todos os seus investimentos do Brasil, eles não teriam por
que se preocupar em não conseguir converter reais em dólares. Havia dólares
sobrando. Foi justamente esta “qualidade do Real” — o fato de estar lastreado
abundantemente em dólares — que garantiu a confiança dos investidores, levando
à sua imediata apreciação logo após o seu surgimento.
Quais
as razões do seu sucesso?
A primeira é que a
sociedade brasileira havia chegado a um ponto máximo de saturação com a
inflação, a tal ponto que mesmo os setores e grupos que se beneficiavam dela
estavam dispostos a virar aquela página da história.
A segunda é o aprendizado
com a experiência fracassada dos planos anteriores (alguns dos “pais do Real”
haviam participado do Cruzado 1).
A terceira é que a
economia brasileira já era mais aberta às importações do que nas vezes
anteriores (e a possibilidade de importação disciplina os preços internos).
A quarta, mas não menos
importante, foi a liderança do então ministro da fazenda e depois presidente Fernando
Henrique Cardoso, que conseguiu reunir uma equipe econômica qualificada,
convencer o presidente Itamar,
mobilizar força política na sociedade e no Congresso e, finalmente, conquistar
dois mandatos presidenciais que permitiram avançar na consolidação da estabilidade
econômica.
Governo Collor
Em
1989 o Brasil vivenciou a primeira eleição direta para Presidente da República,
depois de quase 30 anos de interrupção da eleição democrática, para escolher o
sucessor de José Sarney.
Collor
de Mello pertencia a uma família de políticos tradicionais e recebeu apoio das
forças conservadoras de direita, desde os latifundiários até os grandes
banqueiros, e conseguiu passar para a população a imagem de um politico que
lutava contra a corrupção, ficando assim conhecido como o “caçador de marajás”.
Na
área econômica, previa em seu governo uma grande reforma ao Estado,
privatizando as empresas estatais e abertura da economia à competição
internacional.
Após
ser eleito com 35 milhões de votos, Zélia Cardoso de Mello, que assumiu o
ministério da Fazenda, colocou em prática o Plano de Reconstrução Nacional,
mais conhecido como Plano Collor, que tinha como objetivo solucionar a grave
crise da hiperinflação.
Este
programa foi idealizado por três pontos importantes, que são eles:
- Ajuste fiscal para obter um superávit operacional de 2% do PIB;
- Reforma monetária para o Estado recuperar o controle da moeda ;
- Política de rendas com a prefixação e desindexação da economia.
Juntamente com o Plano de Estabilização, adotou-se um conjunto de medidas para a liberalização do comércio exterior e abertura à competição internacional da indústria brasileira.
- Ajuste fiscal para obter um superávit operacional de 2% do PIB;
- Reforma monetária para o Estado recuperar o controle da moeda ;
- Política de rendas com a prefixação e desindexação da economia.
Juntamente com o Plano de Estabilização, adotou-se um conjunto de medidas para a liberalização do comércio exterior e abertura à competição internacional da indústria brasileira.
A
medida provisória N. 168, de 15/03/1990, instituiu o congelamento de 80% dos
ativos financeiros na forma de novos cruzados e deixou intocados cerca de 40
milhões de cruzeiros, que equivalia média de 9% do PIB.
*
Anúncio do Plano Collor e suas medidas
provisórias:
Pouco
tempo depois, Pedro Collor de Mello, irmão do Presidente denuncia o tesoureiro
do governo, Paulo César Farias, de corrupção juntamente com seu irmão.
Foi
aberta uma CPI, de 82 dias, para investigar a acusação feita por Pedro Collor,
o relatório desta CPI explica que o governo Collor foi como uma indústria do
tráfico de influência, criando uma deterioração econômica no país. Logo após,”
os caras pintadas” foram para as ruas pedindo o impedimento do Presidente, com
o slogan: ”Fora Collor!”
*
Impeachment de Collor em 1992.
Em
29 de dezembro de 1992, Fernando Collor renunciou ao cargo de Presidente do
Brasil e com o impeachment foi cassado por 8 anos de seus direitos políticos.
Fonte: CANCIAN, Renato. Governo Collor de
Mello (1992-1992): Presidente renuncia.
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação. Disponível em: <http://educacao.uol.com.br/disciplinas/historia-brasil/governo-collor-de-mello-1990-1992-presidente-renuncia.htm>.
Acesso em:09 setembro 2013.
CURY,
Anay; GASPARIN,Gabriela. Planejado contra hiperinflação e deu início à abertura
comercial. G1. São Paulo. Disponível em: <http://g1.globo.com/economia/noticia/2012/09/planejado-contra-hiperinflacao-plano-collor-deu-inicio-abertura-comercial.html>
Acesso em: 09 setembro 2013.
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